Introdução
Em fevereiro desse ano, completarei 4 anos criando conteúdo de LoR . Como faz bastante tempo que vivo disso, para comemorar, resolvi compartilhar um pouco a minha experiência em todos esses anos e contar como foi essa jornada incrível, enquanto dou várias dicas de como seguir carreira dessa forma também.
90% de todo dinheiro que ganhei na minha vida foi a partir de criação de conteúdo de LoR, e os outros 10% de criação de conteúdo de outros jogos, na sua grande maioria card games.
Ad
Separei algumas dicas vitais para você que quer tentar seguir essa carreira no Runeterra, e viver do que ama também. Criar conteúdo não é fácil e todos precisamos de um incentivo.
Minha História & Como Tudo Começou
Em 2019, recebi uma “Key” do beta fechado do LoR, no evento de comemoração de 10 anos da Riot Games. Joguei a primeira versão do Runeterra por alguns dias, e logo me apaixonei pelo jogo.
Eu já era apaixonado por jogos de carta (em 2015 queria ser jogador profissional de Hearthstone, mas acabei me frustrando com o meta, e virando apenas um jogador do formato Arena). Um ano depois, em 2016, entrei para a faculdade de Design de Jogos, aonde me apaixonei por Yu-Gi-Oh! TCG, que até então eu nunca tinha jogado, pois minha mãe é bastante religiosa e achava que esse jogo era coisa do "capeta” (culpa da mídia brasileira).
Ao longo dos anos, também criei vários jogos de carta físicos de minha autoria como trabalhos de faculdade. Então, quando chegou a notícia de que um novo jogo de cartas do LoL estava chegando, fiquei muito envolvido.
Em fevereiro de 2020, abri minha primeira transmissão na Twitch jogando Runeterra, e logo na minha primeira transmissão conquistei o diamante, na temporada do Beta. Eu queria muito viver de videogame. Meu sonho sempre foi esse desde que joguei Skyrim em 2011 pela primeira vez. Então me esforcei muito, até que chegou a pandemia.
No meu país, a pandemia estourou no meio de março de 2020, e entramos em “lockdown” completo em abril. Então, como eu não podia sair de casa, nem procurar empregos convencionais, essa foi a minha oportunidade de cair de cabeça nas transmissões.
Fui abençoado por escolher o jogo com a comunidade mais acolhedora de todos os tempos. Como Runeterra tinha sido lançado recentemente, eu fui um dos primeiros a transmitir o jogo, o que facilitou muito também.
Logo no primeiro ano, junto de vários amigos streamers, fundamos a LBR (Liga Brasileira de Runeterra) - um torneio de times que teve bastante sucesso na época. E eu era o host de quase todos os torneios de comunidade que existiam no Brasil.
Em dezembro de 2020, recebemos a notícia de que os torneios Sazonais iriam acontecer, e que seriam o formato competitivo oficial da Riot para o jogo. Como eu já estava “trabalhando” no cenário competitivo há quase um ano, eu esperava ser chamado para narrar ou comentar o sazonal. Mas não fui chamado. E essa foi a minha primeira decepção.
Trabalhei muito duro durante a virada do ano, e, em fevereiro de 2021, recebi um e-mail da Riot, me convidando para narrar o primeiro torneio sazonal do ano. Essa foi a primeira vez na minha vida que recebi dinheiro de algum trabalho que fiz. Passei 1 ano inteiro transmitindo o jogo, criando torneios e me dedicando a ele, sem receber 1 centavo. Isso me custou um relacionamento e várias brigas em casa, pois eu já era adulto e precisava encontrar um “emprego de verdade”.
Ad
A parte mais difícil de tudo isso foi convencer meus pais de que viver de videogame não é uma má ideia. Mas, quando eu fui chamado para narrar os sazonais, tudo mudou.
Narrei todas as edições do torneio sazonal, menos a primeira, e todos os mundiais pelo canal oficial da Riot Brasil como analista/comentarista. Me formei em Design de Jogos, e hoje crio conteúdo escrito sobre Runeterra, e vídeos também. Em 2023, fui Top 16 do Runeterra Open, a minha primeira experiência competitiva jogando os torneios depois que as transmissões oficiais deixaram de existir no Brasil.
Qual Plataforma Devo Usar?
A Twitch infelizmente não é o melhor lugar para começar. Se você deseja começar lá, você terá que se esforçar muito mais, pois vai estar competindo com pessoas que já estão lá a muito mais tempo. Sem contar que, se você não mora nos Estados Unidos, é um pouco inviável focar financeiramente o seu conteúdo apenas em transmissões da Twitch.
Outro fator muito importante é a sua saúde, pois você precisará tirar muito tempo do seu dia, e isso cansa bastante, além de não ser bom para a saúde ficar sentado o dia todo.
Eu apenas aconselho você a transmitir o LoR na Twitch, com uma finalidade financeira, se você possui um diferencial muito impactante, como: você é um dos melhores jogadores de LoR, ou você tem uma personalidade extremamente engraçada e já cria conteúdo há um tempo sobre outros jogos.
Transmitir jogos na Twitch com o intuito de ganhar dinheiro logo no início da sua carreira também não é muito bem-visto pelas comunidades de jogos.
Por isso, a minha recomendação vai para o YouTube, pois lá é uma plataforma que, além de ter muito mais fluxo, você pode organizar melhor as ideias dos seus vídeos, sem necessariamente ter que investir horas em um conteúdo ao vivo. Alguns tipos de vídeos vão ser vistos como mesquinhos, mas, se feitos de maneira inteligente e respeitando as pessoas que assistem os seus vídeos, é extremamente benéfico para o seu canal. Do tipo: “Meu PC explodiu depois dessa partida de LoR” - e no vídeo o seu PC realmente explodiu.
A comunidade de LoR precisa de mais conteúdo em vídeo, de curiosidades, e de assuntos leves. Então, eu começaria por aí: vídeos abordando assuntos diversos, como Top 5 alguma coisa, ou algo explorando as artes, e a história dos personagens.
Qualquer conteúdo mais educacional, de gameplay ou competitivo, ou de opinião, precisa ser feito com extremo cuidado, pois isso pode gerar vários problemas, que falaremos no próximo tópico.
Problemas que Você Enfrentará no Caminho
Minha maior dificuldade nesses anos todos foi convencer as pessoas de que eu estava certo a respeito de alguma coisa, ou simplesmente dar minha opinião a respeito de um assunto. Infelizmente, todos possuem suas próprias ideias, além de suas próprias experiências e vivências, e é muito difícil agradar todos quando o seu conteúdo se baseia em opiniões.
Ad
Até hoje recebo comentários maldosos a respeito de listas de Top 5 que faço, ou quando dou minha opinião sobre alguma carta nova ou deck. Lembre-se que as pessoas que se incomodam com o seu conteúdo são sempre aquelas que são mais vocais a respeito dele. As pessoas que gostam normalmente só dão like e mais nada, e geralmente não comentam nada. Então, se você recebeu muitos comentários positivos, pode ter certeza que foi um sucesso enorme o seu conteúdo.
Conteúdo educacional sobre Runeterra é um pouco complicado, pois muitas pessoas consideram a sua opinião apenas se você teve grandes feitos competitivos. Os meus artigos sobre lineup do Open só começaram a gerar resultados depois que fui top 16, por exemplo.
Então, se você se sente um pouco inseguro, quer evitar comentários negativos, e não possui nenhum titulo expressivo no competitivo, eu recomendo criar conteúdo educacional básico, como tutoriais focados para jogadores novos.
Além disso, o conteúdo de gameplay precisa ser interessante. Esse foi o tipo de conteúdo que eu mais tentei fazer, e nunca gerou resultado de verdade. Apenas as gameplays de decks malucos ou jogos muito bizarros que geram resultados. Partidas comuns, com decks do meta, geralmente não são tão interessantes para o público do Youtube.
Outras Maneiras de Criar Conteúdo
Para o Runeterra, o YouTube é a melhor alternativa de criação de conteúdo, mas existem outras maneiras de fazer o seu nome no jogo também.
Twitter - Ser relevante no Twitter é importante, pois existe todo um ecossistema da comunidade de Runeterra dessa plataforma. E ser conhecido lá ajuda muito para trabalhos futuros.
Artigos - Escrever sobre Runeterra é o que eu mais faço ultimamente, e é um bom “side job”. Obviamente, vem com todos os estresses que existem, assim como os vídeos para o YouTube, mas é recompensador quando você escreve sobre algo que é extremamente relevante, e consegue mover várias pessoas para discutir a respeito do assunto. Na verdade, essa sensação de “estar presente no cotidiano da internet das pessoas” é o que me move no trabalho, e com artigos você consegue atingir as pessoas dessa forma.
Torneios - Esse é um pouco mais difícil, mas o competitivo de LoR é o assunto que mais dá visualização em termos de transmissões. Transmitir um torneio bom, com jogadores fortes, é um jeito de trabalhar com LoR. O problema é a premiação; se você não tem como bancá-la, você precisa ser criativo e encontrar formas de incentivar jogadores relevantes a participarem do seu evento.
“Shorts” - Esse tipo de conteúdo é ainda mais difícil para o LoR, e ainda precisamos entender como funciona. Infelizmente, o formato da tela para o “Short” e “Tiktok” são telas verticais, o que dificulta muito ver o que está acontecendo no Runeterra, e limita muito o que você pode criar nessas plataformas. Até hoje, o que mais gerou resultado foi conteúdos de curiosidade, mas não é um tipo de vídeo que viraliza facilmente.
Ad
Dicas Importantes
- Procure sempre estar atento ao “meta” do que está gerando resultado e o que não está na internet.
- Crie conteúdo que você goste. Ter "burn out" é bem mais provável quando você passa muito tempo fazendo coisas que você não gosta.
- Esteja presente em momentos relevantes do jogo, como Opens, expansões, patch notes, e afins.
- Se inspire em conteúdos que geraram resultados em outros card games, principalmente Hearthstone. Mas não copie 100%, ok? Faça do seu jeito.
- Quando você errar, assuma os seus erros e melhore na próxima - as pessoas vão ser cruéis, mas você não pode discutir com as pessoas na internet.
- Faça “collabs” com quem você conseguir; fale literalmente com todo mundo. Até mesmo pessoas de outros jogos: quanto mais, melhor.
- Nunca desista.
Conclusão
Se você leu até aqui, agora conhece um pouco mais da minha história desses últimos 4 anos no Runeterra!
Não se esqueça de compartilhar esse artigo nas redes sociais. Até a próxima!
— commentaires0
Soyez le premier à commenter