Introdução
A Expansão “Além do Bandobosque” está impactando Legends of Runeterra (figurativamente e literalmente) em níveis que talvez nenhum de nós poderíamos prever.
Com a adição de duas novas palavras-chave e quatro novos campeões para estrear a região, além de outros cinco campeões para outras regiões e as cartas multirregionais, era claro que a expansão poderia ter uma influência enorme no jogo.
E agora, depois de três semanas e com o meta começando a se estabilizar, podemos ver que a região impactará muito mais que apenas listas de decks: alguns aspectos da região tem o potencial para quebrarem completamente o cenário competitivo de Legends of Runeterra.
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Neste artigo iremos olhar para um deles: A aleatoriedade.
Aleatoriedade no Runeterra
No mundo de jogos estratégicos de carta, não é nenhuma novidade que quanto mais aleatório os efeitos das cartas, menos “habilidade” estará envolvida na vitória ou derrota.
Quanto menos você consegue prever seu oponente, principalmente em campeonatos “open deck-list”, ou seja, onde você pode ver as cartas que seu oponente leva no deck na hora dos confrontos, menos influência real você pode ter como indivíduo no resultado da partida. A aleatoriedade entrega o aspecto do imprevisível e incontrolável para os jogos, e quando isso ocorre em jogos de estratégia, temos que questionar onde a habilidade pessoal de cada jogador entra e o “RNG” (Random Number Generator - Termo em inglês para o aspecto da Aleatoriedade) acaba.
Em Legends of Runeterra, no geral, existem poucas mecânicas de fato boas que se baseiam em aleatoriedade. Talvez os exemplos mais comuns sejam cartas como Improbulador Trivolt, Chuva de Disparos e Suboficial, que trazem efeitos aleatórios em ambientes controlados.
Em cada uma dessas cartas, o efeito aleatório está dentro de um grupo controlado, diminuindo a variância de possibilidades que as cartas podem trazer. Chuva de Disparos quase sempre acerta seus alvos; Improbulador Trivolt pode ter seu valor controlado para trazer os melhores seguidores; Suboficial invoca apenas unidades de custo 1, etc. Isto faz com que a aleatoriedade não seja impactante negativamente para os jogos, já que estas cartas não possuem uma variância de efeitos tão grande quanto os que estamos vendo agora com algumas novas unidades de Bandópolis.
A comunidade em si desencoraja e critica bastante esses tipos de efeitos por causa da filosofia do jogo: Quando ele foi criado não se baseava nisso para gerar entretenimento ou popularidade. Através de postura e comportamento, os criadores de Runeterra, RiotRubinZoo e RiotUmbrage, mostraram que preferem não trazer tantos desses aspectos aleatórios para Runeterra ao entregarem poucas cartas fortes com aleatoriedades em cada expansão.
E o cenário competitivo seguiu neste posicionamento: As vozes de grande influência na comunidade reforçaram, com cada expansão, o seu descontentamento com cartas que continham muita aleatoriedade. E isto foi ouvido e ecoado em cada vídeo e programas ao vivo de “react” às cartas novas, fazendo com que o jogo se mantivesse bem moderado com tais efeitos.
Entretanto, Bandópolis mudou tudo. Com suas 126 cartas novas, “Além do Bandobosque” é a maior expansão de Legends of Runeterra até agora, e o momento de sua inclusão, além da enorme quantidade de cartas, desnorteou os jogadores por bastante tempo. Com o Campeonato Mundial chegando, muita atenção se voltou para o evento e para as particularidades de algumas decisões do evento em si. Por conta disso, o impacto de Bandópolis não conseguiu ser completamente mensurado pelos jogadores - até agora.
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Os Culpados
Dentre as mecânicas novas, uma se destaca pela aleatoriedade: “Manifestar”.
“Manifestar”, que te deixa escolher uma entre três cartas geradas aleatoriamente na sua mão, está presente em quatro cartas no jogo atualmente - e as quatro estão sendo incluídas em campeonatos, dentro de diversos decks.
Destas quatro, apenas uma está presa a um arquétipo, que é Prefeito de Bandópolis , ligado ao arquétipo da A Árvore de Bandópolis, um dos arquétipos mais fortes da temporada.
As cartas também possuem valores razoáveis de custo, poder e vida proporcionalmente ao efeito que trazem: são unidades que não diminuem o poder no geral de um deck, ao contrário de “Evocar”, que está presente em unidades com pouca força de combate e bloqueio. “Evocar” também poderia ser considerado seu predecessor por te deixar escolher uma dentre três cartas, neste caso celestiais.
Para equilibrar o valor de gerar uma carta a mais na mão, a Riot Games fez as unidades de evocação serem um pouco mais caras e um pouco mais fracas, o que não é tão presente em Bandópolis tanto em sua base quanto devido às cartas de apoio da região. Poppy e Ferreiro Yordle conseguem deixar qualquer unidade com “Manifestar” extremamente poderosa com pouco custo. Isto faz com que as unidades em si tenham ainda mais valor, e não só serem boas pelo efeito que elas trazem.
E falando em efeito que elas trazem, o Telescópio Errante é o maior culpado da aleatoriedade da expansão. A carta, que tem o efeito de trazer a escolha de uma carta celestial de 3 ou menos de custo, um seguidor multirregião ou uma carta épica, tem trazido ansiedade para os jogadores competitivos. É quase impossível jogar em volta do que o que ela pode trazer, já que ela tem uma vasta escolha de cartas para mostrar ao oponente.
Ela abrange talvez o maior grupo de aleatoriedade envolvido em todo o Runeterra, e além de tudo, o oponente tem a escolha dentre as cartas. São 158 cartas épicas, 11 seguidores multirregião e 8 cartas celestiais de custo 3 ou menos, totalizando 177 cartas que um jogador terá que jogar em volta caso seu oponente use Telescópio Errante. Ela inclusive pode trazer a si mesma, causando um loop de escolhas capaz de deixar qualquer jogador competitivo tonto.
A própria A Árvore de Bandópolis tem seus momentos de aleatoriedade, já que traz um seguidor aleatório de uma região nova a cada rodada. Neste momento, todo jogador competitivo começa a se perguntar: “Será que não fomos longe demais?”
O Competitivo
No curso das últimas duas semanas, pudemos observar o verdadeiro impacto de Bandópolis nos torneios da comunidade e nos torneios oficiais da empresa. Logo se tornou claro que alguns efeitos aleatórios estavam afetando negativamente o jogo e os jogadores se voltaram às redes sociais para dar voz a seus questionamentos. Em um desses, o jogador “SirTurmund” destacou os principais momentos de aleatoriedade:
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Em uma partida nas qualificatórias da Europa do Torneio Mundial de Legends of Runeterra, o jogador “Alanzq” fez a seguinte sequência de cartas geradas aleatoriamente:
Bolheixe Ondulante > Alinhamento Celeste > Horror Indescritível > Sacerdotisa Lunari > Cometa Cadente
Em outros momentos, o jogador SirTurmund destaca Bandópolis, em específico Telescópio Errante , A Árvore de Bandópolis e Gêmeos Bombardeiros como fontes de aleatoriedades imprevisíveis:
“Aqui está um exemplo de mim, ganhando um jogo por causa do Telescópio Errante gerando Julgamento. Não vejo como você pode esperar que alguém jogue em volta de toda carta Épica do jogo.”
- SirTurmund
Confira o clipe:
O jogador, streamer e narrador “MegaMogwai” também deu seus dois centavos sobre a carta:
“Não sei vocês, mas eu não tento mais jogar em volta dessa carta”
- MegaMogwai
Competitivamente, podemos perceber que tais jogadas não são as demonstrações de habilidade de um jogador que gostamos de ver quando assistimos campeonatos. E para os próprios jogadores competitivos, perder por causa de uma carta gerada aleatoriamente pode ser não só frustrante, mas também acabar com oportunidades que demandam meses de estudo e esforço.
Perder um campeonato pode significar perder recompensas capazes de mudar suas vidas, como são os mais de 200,000 dólares distribuídos para o top 8 do Torneio Mundial de Legends of Runeterra. E tudo devido a uma carta gerada aleatoriamente.
Conclusão
Podemos concluir que alguns efeitos aleatórios, em ambientes controlados, trazem aquela emoção aos nossos jogos que pode influenciar nosso fator de diversão, que é o principal ponto de um jogo. Mas não podemos esquecer do equilíbrio entre tais efeitos: Para um jogo que tem tido muito cuidado com seus efeitos aleatórios, talvez seja hora dos desenvolvedores de Legends of Runeterra pararem e refletirem sobre esse aspecto no atual estado do jogo, e se é que isto está impactando mais negativamente do que positivamente a experiência dos jogadores.
Este foi mais um artigo meu, falando sobre diversos aspectos do fenômeno digital Legends of Runeterra! Até mais!
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